Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo
New York Times
O suposto túmulo de Jesus e sua família foi achado nos arredores de Jerusalém e continha dez ossuários. (Foto: Discovery Channel)
Para um dos principais especialistas do Brasil na realidade histórica por trás da vida de Jesus, é preciso encarar com ceticismo o anúncio da descoberta da suposta tumba de Cristo. André Chevitarese, historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vai mais longe: Jesus seria virtualmente invisível para um arqueólogo de hoje. "Não só ele como quase toda a primeira e a segunda geração de cristãos. São pessoas periféricas, gente muito simples, de origem rural", declarou Chevitarese ao G1. Seriam incapazes de deixar restos materiais claros de si mesmos.
Assim, os ossuários (caixas de pedra que abrigam os ossos após o sepultamento original) apresentados no dia 26 pelo diretor de cinema James Cameron como o local do último descanso de Jesus, sua mãe Maria e sua suposta esposa Maria Madalena (entre outros personagens bíblicos) estariam muito acima das possibilidades financeiras de alguém como ele. A decoração elaborada em alguns dos ossuários aponta para uma família de classe média alta, e não para camponeses da Galiléia (a região pobre e iletrada ao norte da Palestina).
"A gente fica com um pé atrás diante de um anúncio como esse", afirma Chevitarese, co-autor do livro "Jesus de Nazaré - Uma Outra História". "A impressão é que se está diante do fenômeno de uma emissora de TV simplesmente querendo criar polêmica em torno do tema. Qualquer trabalho científico sério precisa trabalhar com hipóteses, que podem ser testadas ou refutadas. O problema é que, nessas belíssimas teorias que são criadas, a resposta já vem pronta" e os fatos simplesmente são forçados a se encaixar na conclusão desejada, critica o historiador. Ele compara esse tipo de esforço à trama do romancista Dan Brown no livro "O Código Da Vinci".
http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL7819-5603,00.html
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