O artigo seguinte foi publicado no Los Angeles Times em 26 de maio de 1968, um ano depois da Guerra dos Seis Dias. O tempo passa, mas algumas situações não mudam.
Os judeus são um povo peculiar: coisas permitidas a outras nações são proibidas aos judeus. Outras nações expulsam milhares ou até milhões de pessoas, e não há problemas de refugiados. A Rússia fez isso, a Polónia e a Tchecoslováquia também o fizeram; a Turquia expulsou um milhão de gregos, e a Argélia, um milhão de franceses. A Indonésia expulsou de seu território incontáveis chineses -e ninguém diz uma palavra a respeito de refugiados.
Mas, no caso de Israel, os árabes desalojados se tornaram eternos refugiados. Todos insistem que Israel deve reabsorver todos eles.
Arnold Toynbee afirma que a remoção dos árabes foi uma atrocidade maior que qualquer ato cometido pelos nazistas. Outras nações, quando vitoriosas no campo de batalha, impõem os termos do acordo de paz. Mas quando Israel vence, precisa solicitar a paz. Todo mundo espera que os judeus sejam os únicos cristãos verdadeiros deste mundo.
Outras nações, quapdo derrotadas, sobrevivem e se recuperam; mas, se Israel fosse derrotado, seria destruído. Se [o presidente egípcio, Gamai Abdel] Nasser tivesse vencido em junho passado, ele teria varrido Israel do mapa, e ninguém teria levantado um dedo para salvar os judeus. Nenhum compromisso assumido com os judeus por qualquer nação, inclusive os EUA, vale o papel em que foi escrito.
Ouve-se um clamor de revolta no mundo inteiro quando pessoas morrem no Vietnã ou são executadas na Rodésia [atuais Zâmbia e Zimbábue]. Mas quando Hitler massacrou judeus, ninguém protestou. Os suecos, que estão prestes a romper relações diplomáticas com os Estados Unidos por causa do que estes estão fazendo no Vietnã, não se manifestaram quando Hitler estava assassinando judeus. Eles enviaram para Hitler minério de ferro selecionado e rolamentos de aço, e forneceram às suas tropas trens para chegar à Noruega.
Os judeus estão sozinhos no mundo. Se Israel sobreviver, será exclusivamente por causa do esforço e dos recursos dos próprios judeus. No entanto, neste momento, Israel é o nosso único aliado confiável e incondicional. Podemos confiar mais em Israel do que Israel em nós. E basta imaginar o que teria acontecido no último verão, se os árabes e os russos que lhes dão apoio tivessem vencido a guerra, para perceber como a sobrevivência de Israel é vital para os EUA e para o Ocidente, de um modo geral.
Tenho uma premonição que não quer me largar: o que acontecer com Israel, vai acontecer conosco. Se Israel perecer, o holocausto virá sobre nós.
(O texto foi escrito por Eric Hoffer, filósofo social americano, não-judeu, nasceu em 1902 e faleceu em 1983. Autor de nove livros, foi condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade dos EUA.)
Os judeus são um povo peculiar: coisas permitidas a outras nações são proibidas aos judeus. Outras nações expulsam milhares ou até milhões de pessoas, e não há problemas de refugiados. A Rússia fez isso, a Polónia e a Tchecoslováquia também o fizeram; a Turquia expulsou um milhão de gregos, e a Argélia, um milhão de franceses. A Indonésia expulsou de seu território incontáveis chineses -e ninguém diz uma palavra a respeito de refugiados.
Mas, no caso de Israel, os árabes desalojados se tornaram eternos refugiados. Todos insistem que Israel deve reabsorver todos eles.
Arnold Toynbee afirma que a remoção dos árabes foi uma atrocidade maior que qualquer ato cometido pelos nazistas. Outras nações, quando vitoriosas no campo de batalha, impõem os termos do acordo de paz. Mas quando Israel vence, precisa solicitar a paz. Todo mundo espera que os judeus sejam os únicos cristãos verdadeiros deste mundo.
Outras nações, quapdo derrotadas, sobrevivem e se recuperam; mas, se Israel fosse derrotado, seria destruído. Se [o presidente egípcio, Gamai Abdel] Nasser tivesse vencido em junho passado, ele teria varrido Israel do mapa, e ninguém teria levantado um dedo para salvar os judeus. Nenhum compromisso assumido com os judeus por qualquer nação, inclusive os EUA, vale o papel em que foi escrito.
Ouve-se um clamor de revolta no mundo inteiro quando pessoas morrem no Vietnã ou são executadas na Rodésia [atuais Zâmbia e Zimbábue]. Mas quando Hitler massacrou judeus, ninguém protestou. Os suecos, que estão prestes a romper relações diplomáticas com os Estados Unidos por causa do que estes estão fazendo no Vietnã, não se manifestaram quando Hitler estava assassinando judeus. Eles enviaram para Hitler minério de ferro selecionado e rolamentos de aço, e forneceram às suas tropas trens para chegar à Noruega.
Os judeus estão sozinhos no mundo. Se Israel sobreviver, será exclusivamente por causa do esforço e dos recursos dos próprios judeus. No entanto, neste momento, Israel é o nosso único aliado confiável e incondicional. Podemos confiar mais em Israel do que Israel em nós. E basta imaginar o que teria acontecido no último verão, se os árabes e os russos que lhes dão apoio tivessem vencido a guerra, para perceber como a sobrevivência de Israel é vital para os EUA e para o Ocidente, de um modo geral.
Tenho uma premonição que não quer me largar: o que acontecer com Israel, vai acontecer conosco. Se Israel perecer, o holocausto virá sobre nós.
(O texto foi escrito por Eric Hoffer, filósofo social americano, não-judeu, nasceu em 1902 e faleceu em 1983. Autor de nove livros, foi condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade dos EUA.)